sábado, 18 de novembro de 2017

Parte II - Perene Murmúrio

Perambulando em meio a tantos ombros e galhos, o menino Jack se desespera - no pulsar cronológico, entende que tamanho burburinho serve para emaranhar ensejos. Compreendendo que não se ouve a luz, suas estratégias se arrevesam: o olhar em frente sem perigo do medo faz da parcimônia auricular sua espada, dilacerando o zunido com a surdez seletiva e desdobrando caminhos com seus dois lampejos ópticos. A despeito de sua audácia, ele não pressupôs a cegueira pelo fulgor e seu próprio corte pela lâmina.

Como caminhar ferido sem repelir sua honra de guerreiro? Uma melodia triste se eleva de seu sangue, carregando uma nota em cada hemoglobina e furtando nosso herói de seu precioso oxigênio. Em seu âmago, pensara:

- Jack de la Pomme!

Assim o monstro foi criado.

domingo, 18 de novembro de 2007

Parte I - O Primeiro Sopro

Numa tarde fria e cinzenta, demasiadamente lúgubre, ventos cortam o ar, entrelaçando-se em uma cópula gélida. Nesse clima fúnebre, ouve-se o paradoxo sonoro de uma vida surgindo. Distante... Lentamente, deixando de ser uma mera freqüência imperceptível, tomando nossos ouvidos. Entram contra nossa vontade; temos que nos resignar perante à magnificência vital. O som torna-se imensuravelmente insuportável, a ponto de sentirmos nossos ouvidos se rasgarem. Surgem vozes; há uma explosão.

Rufares de coração; uma nova vida surge no vácuo. Uma melodia triste se sobressai entre a orgia dos ventos, anunciando que o nascimento há de ser mais triste do que a morte.

- Jack de la Pomme!

Assim seus ascendentes o chamaram.